Curtailment no Brasil: quando o excesso de energia limpa vira desperdício
- YES Energia
- há 22 horas
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Por que o país tem cortado energia limpa, quais são os impactos econômicos e como o armazenamento em baterias pode ser a solução definitiva para integradores e empresas do setor solar.

☀️ O que é curtailment e por que ele acontece
Curtailment é o termo usado para descrever o corte da geração renovável (como solar e eólica) quando a rede elétrica não consegue absorver toda a energia produzida.
Isso acontece por alguns motivos:
Excesso de geração em horários de baixa demanda (como o meio do dia e fins de semana);
Limitações na infraestrutura de transmissão, que impedem o escoamento da energia;
Ausência de sistemas de armazenamento, que poderiam guardar o excedente para uso posterior.
Em outras palavras: o país gera energia limpa em abundância, mas não consegue aproveitá-la integralmente. E, para manter o equilíbrio do sistema, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisa mandar desligar parte das usinas solares — enquanto liga termelétricas para suprir a demanda noturna. Um contrassenso que custa caro — tanto financeiramente quanto ambientalmente.
⚡ O desafio que veio para ficar
Segundo Thiago Prado, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o curtailment é algo com o qual o setor precisará aprender a conviver.
“É um fato dado. Todos teremos que lidar com ele, porque se produz algo que não tem ninguém para consumir”, afirmou o executivo, durante o evento Rio Construção Summit 2025.
Para Prado, o maior desafio é preservar a segurança jurídica e o equilíbrio econômico do setor, garantindo que o problema técnico não se transforme em insegurança para quem investe em energia limpa.
O recado é claro: o curtailment não vai desaparecer — e as soluções precisam ser estruturais, tecnológicas e regulatórias.
💸 As perdas bilionárias das fontes renováveis
Os números mostram o tamanho do problema. Segundo dados da Volt Robotics e da ABSOLAR, as perdas acumuladas desde outubro de 2021 já passam de R$ 6 bilhões. Somente em agosto de 2025, o Brasil desperdiçou 1,3 mil GWh de energia solar, o equivalente a R$ 240 milhões em prejuízos.
E esse desperdício não é apenas econômico. Cada megawatt desperdiçado representa emissões evitáveis e o retrocesso de um setor que poderia estar abastecendo milhões de brasileiros com energia limpa e acessível.
🔋 O papel das baterias: de custo a investimento estratégico
Durante o evento Hidrogênio Verde & Armazenamento ABSOLAR, realizado em São Paulo, especialistas foram unânimes: as baterias são a solução mais viável e imediata para mitigar o curtailment.
Com sistemas de armazenamento, a energia excedente pode ser guardada nos momentos de baixa demanda e utilizada nos picos de consumo — aliviando a rede, equilibrando a geração e evitando desperdícios.
Além disso, as baterias:
Estabilizam a frequência e a tensão da rede elétrica;
Reduzem a dependência de termelétricas;
Permitem maior previsibilidade de custos e receitas para usinas e integradores.
De tecnologia cara e experimental, as baterias estão se tornando centrais no modelo de energia do futuro — e o Brasil caminha rapidamente nessa direção.
⚙️ Regulamentação e oportunidades no horizonte
A ABSOLAR defende que o armazenamento deve ser reconhecido formalmente como um agente do sistema elétrico, com regulação clara e incentivos adequados. O setor aguarda a realização do primeiro Leilão de Reserva de Capacidade para Armazenamento, previsto para 2026, que deve abrir espaço para novos investimentos e modelos de negócio.
Em países como Chile, Argentina e Estados Unidos, o armazenamento já é parte essencial da infraestrutura elétrica — não apenas como backup, mas como ferramenta de gestão e estabilidade do sistema.
🌞 Para as empresas solares, um novo mercado se abre
Para integradores, o cenário também é promissor. O curtailment escancara a necessidade de modernização e retrofit de sistemas — e quem estiver preparado para oferecer soluções completas com armazenamento e gestão inteligente de energia sairá na frente.
A YES Energia, por exemplo, já trabalha com tecnologia SolarEdge, líder global em soluções de energia inteligente, integrando inversores, otimizadores e baterias em um mesmo ecossistema. Essas soluções não apenas reduzem desperdícios, mas também protegem o investimento dos clientes, garantindo segurança e eficiência mesmo em cenários de restrição energética.

🌎 De desafio a oportunidade
O curtailment é um sinal claro: o Brasil está gerando mais energia limpa do que a rede consegue suportar. Isso, por si só, é um bom problema — mas que precisa ser resolvido com visão de futuro.
As baterias solares não são mais uma promessa distante. São o elo que faltava entre a geração renovável e a estabilidade do sistema elétrico, permitindo que o país avance na transição energética com segurança, economia e inteligência.
O setor elétrico mudou — e quem souber se adaptar, mudará junto com ele.